Segundo uma recente pesquisa da Folhajus, o Brasil conta atualmente com mais de 1,2 milhões de advogados. Grande parte desses profissionais atua de forma autônoma (62%), enquanto uma minoria faz parte de escritórios de advocacia (27%). Os demais trabalham em órgãos públicos, departamentos jurídicos de empresas ou exercem outras atividades no setor.
É importante ressaltar que apenas 4% dos escritórios pesquisados pela Folhajus possuem mais de 50 membros. São justamente essas bancas de grande porte que atraem uma clientela nacional e internacional capaz de recompensar generosamente os serviços jurídicos necessários para impulsionar seus negócios e proteger seus interesses.
Cenário atual
Esses escritórios de grande porte, com centenas de membros e várias filiais espalhadas pelo país e até mesmo no exterior, se esforçam para oferecer serviços em todas as áreas do Direito (escritórios “full service”) para fidelizar sua clientela e, consequentemente, aumentar sua receita. É difícil para advogados autônomos ou pequenos e médios escritórios competirem com eles, pois lhes falta capital para investir em recursos sofisticados e suporte tecnológico necessários para otimizar a advocacia moderna, além de locais estratégicos nos melhores bairros da cidade. Além disso, muitas vezes não possuem equipes multidisciplinares para assessorá-los em transações complexas e urgentes.
No entanto, o bem-sucedido modelo implementado por essas grandes bancas tem gerado problemas que estão levando à revisão das práticas atuais. Enquanto no passado os escritórios se preocupavam principalmente em gerar receita (uma vez que as despesas eram geralmente modestas), os custos com a folha de pagamento, equipes ociosas, aluguel, atualização tecnológica, entre outros, se tornaram focos de constante atenção.
Conscientes desse cenário, algumas das grandes bancas já estão introduzindo mudanças importantes em seu “modus operandi”. Elas estão adotando modelos híbridos de trabalho (presencial e home office) e espaços de trabalho compartilhados e rotativos, tudo isso para otimizar o uso do espaço e reduzir os custos de aluguel. Essa abordagem assemelha-se, pelo menos superficialmente, a um coworking.
No entanto, os coworkings especializados em advogados possuem alguns diferenciais importantes. Eles abrigam advogados autônomos e pequenas e médias bancas, que podem se unir ad hoc (caso a caso) para orientar e defender clientes em transações e litígios que exigem a participação de profissionais de diversas especialidades. Por não terem os custos fixos das grandes bancas, esses profissionais estão aptos a oferecer propostas competitivas aos clientes. Além disso, as equipes formadas ad hoc muitas vezes contam com profissionais selecionados dentro e fora do coworking por meio de redes virtuais, o que permite uma formação jurídica refinada.
Tendência
A tendência dos advogados autônomos e dos pequenos e médios escritórios migrarem para espaços compartilhados especializados parece ser irreversível. Isso ocorre porque a complexidade, sofisticação e os custos associados ao exercício da profissão em um espaço próprio não favorecem o trabalho artesanal, exceto para profissionais e bancas altamente especializadas em uma área específica do Direito. Além disso, é por meio da convivência com colegas e do trabalho em equipe que o profissional do Direito atinge todo o seu potencial e aumenta suas receitas. É por essa razão, aliás, que o home office é, no máximo, uma solução parcial para alguns dias da semana, pois os advogados não podem prescindir de espaços para se reunir pessoalmente com seus clientes.
Seja como for, certamente continuarão existindo advogados autônomos, pequenas, médias e grandes escritórios no futuro. No entanto, espera-se que as grandes bancas se assemelhem cada vez mais a coworkings, e muitos advogados autônomos, pequenas e médias bancas se juntem a coworkings especializados dedicados ao mundo do Direito.
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